quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

R U Mine?

E de repente eu me vi te tateando, te montando, te encontrando. Desenhando dentro de mim cada pedacinho que compõe você. Eu te observei a noite inteira. Até involuntariamente eu te buscava em meio a todas aquelas pessoas. Eu te desejei durante todos os minutos em que a lua sorria pra nós e até mesmo quando o sol apareceu e ela não quis nos deixar. Cada movimento das suas pernas que acompanhava o ritmo da dança, sufocava o compasso frenético da minha respiração. Eu queria levantar e dançar com você… Eu queria ser de você, só por aquela noite. Ou até quando nossos corações dançassem conosco, desejando não parar nunca mais. Eu ia viajando desde as tuas pernas até os teus olhos. Olhos tão escuros quanto a noite que nos observava, protegidos por uma muralha de cílios enormes que desenham delicadamente o contorno dos portais dessa tua alma flamejante. Então eis que me surgem os lábios… Malditos provedores de palavras tão cheias de conhecimento e conforto. Lábios protetores de um sorriso impagável, que, em complô com os olhos, insistiam em ofuscar o ambiente ao redor a cada piscada que acompanhava aquele cintilar de dentes. 
Um rosto de marfim e uma estrada de pintinhas que estampam convites à caminhos desconhecidos. Droga.
Quem é você que de repente saiu das coxias e fez um espetáculo nas minhas linhas? Quem é você que consegue me olhar fundo nos olhos e em poucos segundos me atira pelo abismo que eu tanto desejo escapar? Que criatura é essa na qual você se transformou que me faz querer deslizar por esses braços que carregam um mundo e milhões de notas num simples violão? Quem sou eu que, após me sentir viva do teu lado, vou simplesmente morrendo a cada centimetro que nos distam? Quem te colocou nesse meu caminho cheio de frustrações e distrações, e fez de você o pilar que eu procurei por tanto tempo?
Não faço ideia das razões que me levam a notar os teus traços, intrínsecos que vão além do que Engenheiros e Caetano suportariam cantar. Tudo que está ao alcance da minha compreensão é que minhas notas, minhas linhas e meus bolsos se enchem de alma e dispensam explicações fúteis quando você se aproxima. Droga.
— Tatiana Castro - Cause I don’t wanna lose you now, I’m lookin’ right at the other half of me. The vacancy that sat in my heart is a space that now you hold-

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Para início de conversa...

Me quero. Não quero você, não quero ele. Quero ser minha, quero viver por mim, quero caminhar com o pensamento em mim mesma, quero colher rosas e, ao sentir o aroma delas imaginá-las compondo as gotas do meu próximo perfume preferido. Quero andar por aí cantando canções sem rimas, mas que façam todo sentido na minha cabeça. Quero dormir com a esperança de que ao despertar na manhã seguinte, olhar-me-ei no espelho e me apaixonarei outra vez mais por cada curva, cada traço, cada assimetria que compõem a força do tigre ali refletido. Quero me maquiar e me perfumar por fazer bem a mim, porque a beleza que eu escondo merece ser exaltada em cada ponto. Quero sentar sobre a areia quente, sentir o sol queimar as minhas pernas claras e em seguida me jogar nas ondas do mar porque a minha alma anseia ser lavada. Quero sentir o frio e me aquecer com o calor do meu próprio corpo, mesmo que pra isso eu tenha que me submeter a cobertores que nunca vêm desacompanhados de bons filmes. Quero ser dona de mim. Quero me perder em meio a todas as mínimas coisas que me fazem sentir esplêndida. Quero tudo o que eu puder querer. Quero ser minha guia, minhas cinzas, meu renascer, meu florescer, minha última esperança. Quero ser. Quero ver nos meus próprios olhos o meu grande amor, a minha grande chance. Me quero. Me espero. Com tudo novo. De novo.
— Tatiana Castro. - I am mine.-